
A análise insere a falta desde o início, uma relação com a solidão, é a partir da solidão que começamos a caminhar.
É grande a ideia de que amar é sofrer. Tanto que quando não tem muito sofrimento, chega a pensar que então aquilo não é amar.
Por um lado existe a fantasia que o outro vai me completar, tirar toda a minha solidão. Por outro lado, essa ideia de amor como sendo da ordem de um sofrimento terrível que tira a minha paz. Dois opostos ao mesmo tempo.
Então eu quero um amor que me tira o sono mas que me deixa dormir. O que é impossível, o que o amor vai nos oferecer na verdade é uma experiência contrária.
A experiência no processo de análise é sobretudo uma experiência de aprender a perder. Só pode ganhar quem pode perder!
Não é que a psicanalise nos cure do amor, a psicanalise nos propicia a possibilidade de encontrar com um amor que não necessariamente rime tanto com dor.
“Amor é quando é concedido participar um pouco mais. Poucos querem o amor, porque amor é a grande desilusão de tudo o mais. E poucos suportam perder todas as outras ilusões. Há os que se voluntariam para o amor, pensando que o amor enriquecerá a vida pessoal. É o contrário: amor é finalmente a pobreza. Amor é não ter. Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor.” Clarice Lispector.